quarta-feira, 2 de setembro de 2015

PRÊMIO PETECA 2015 - SEMIFINALISTA - CONTO OU POESIA - VIÇOSA DO CEARÁ


A História de uma Triste História


E lá estava eu, com o meu querido avô dando um passeio no fim da tarde, quando me deparei com uma cena que me chocou. Uma criança trabalhando de sol a sol. Muitas pessoas poderiam me perguntar: porque este susto tão grande? Sim, eu sei que o trabalho infantil é uma realidade, porém nunca havia parado para pensar no quanto isso estava tão próximo de mim, e que ao encarar essa situação teria uma reação tão incomum. Vendo aquela reação tão inesperada diante de tal fato, meu avô recordou-se de uma história e começou a contar.
Falava de um jovem casal que entre juras de amor se separou porque ela estava grávida. O rapaz, assustado a deixou. Estava eu, então me perguntando o porquê da contação daquela história, e o que ela tinha em comum com a cena que havíamos presenciado. Afinal, em momento algum ele citou algo relacionado à exploração do trabalho infantil! E continuou: – “os meses se passaram e veio ao mundo o fruto daquele amor. Sem meios para conseguir sustento e vivendo em condições precárias a mãe viu-se obrigada a procurar trabalho. O menino cresceu e a renda ainda não era suficiente para mantê-los, levando-o a trabalhar”.
Foi aí que entendi o entrelaçar dos fatos. Ele prosseguiu falando que o emprego arranjado pelo menino foi oferecido por um homem de boa condição, e que usava crianças para realizar trabalhos pesados em suas plantações. O garoto via ali a oportunidade de ajudar sua mãe nas despesas. Destino ou não, aquele homem era seu pai.
Fiquei perplexa com o que acabara de ouvir. - Mas, como você sabe disso? E naquele momento, lágrimas teimavam em cair de seus olhos. Entre soluços continuou: - Querida, eu vivi essa história. A criança abandonada pelo pai sou eu...
Ver aquela cena partiu-me o coração, pois desde o começo já estava angustiada diante do fato presenciado, e não consegui esboçar nenhuma reação, a não ser enxugar suas lágrimas que já se confundiam com as minhas.
Voltamos para casa. Deitei-me e ainda assustada pus-me a pensar... Sempre soube da existência desse problema social, mas, saber que isso já aconteceu com alguém tão próximo a mim, me fez refletir bastante sobre o assunto. Quantas vezes meu avô comparou-se com as outras crianças? Quantas vezes sentiu falta da presença afetiva da família, de um carinho? Da infância que lhe foi tirada? Agora posso perceber como a exploração infantil pelo trabalho pode afetar e deixar marcas não só na vida de uma criança, mas também na de um adulto, pois uma infância roubada, apesar de não vivida, fica sempre na memória.
Depois de tudo vejo que posso sim, colaborar para que outras crianças não tenham que passar por situação semelhante à de meu avô. Colocar-me no lugar das pessoas que encaram essa realidade e ter em mente que a denúncia é o pontapé inicial para resgatar uma infância perdida, assim, essa realidade pode ser modificada e só depende de nós!



Alunas: Ingrid Magalhães Arruda
                 Maria Madalena Cardoso da Frota
                 Nicole Dourado de Morais
Professora: Gláucia Oliveira Gouveia
Diretor: Haroldo Alves de Carvalho
Coordenação Pedagógica: Maria Inês da Rocha
                                              Sílvia Cristina Rodrigues
                                              Lídia Maria Rodrigues Ribeiro
E. E. F. Monsenhor José Carneiro da Cunha

Nenhum comentário:

Postar um comentário