domingo, 14 de janeiro de 2018

Caravana de adolescentes percorre 10 estados pelo direito à participação, o combate ao trabalho infantil e outras violações de direitos

Por Antonio de Oliveira Lima e Felipe Caetano

Já faz uma semana que eles estão na estrada e nela deverão permanecer até o dia 8 de fevereiro. Depois de percorrer os Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, a Caravana da Participação chegou, neste domingo (14), ao Município de União dos Palmares-AL, onde realizará atividades nesta  segunda. Na terça-feira estará em Maceió, de onde seguirá para Sergipe, no dia seguinte. Ao final do percurso, terá passado nas 9 capitais do Nordeste, além de cidade de Belém-PA, onde será realizado I Encontro Paraense de Adolescentes pela Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.  

Parcerias

A caravana da participação é uma iniciativa dos adolescentes cearenses Felipe Caetano e Davida Albuquerque, e do o jovem pernambucano Mario Emmanuel, em parceria com Programa de Educação contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Peteca), do Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT/CE), a Associação para o Desenvolvimento dos Município do Estado do Ceará (APDMCE), o Comitê Nacional de Adolescentes na Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Conapeti), Comitês Estaduais (Ceapeti),  Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT 8), a Universidade Federal Rural do Pernambuco (UFRP), os Fóruns Estaduais de Erradicação do Trabalho Infantil, Comitês Estaduais de Adolescentes,  dentre outros órgãos e entidades.  

Além de órgãos e entidades, a caravana conta com o apoio de pessoas físicas, que contribuem com recursos próprios para custeio de despesas com alimentação e deslocamento urbano dos adolescetentes. À medida que segue o seu percurso, a caravana recebe novos parceiros. Interessados em contribuir podem  entrar com contato com a organização, através do email peteca2008@gmail.com 

Atividades

A caravana consiste na realização de reuniões, oficinas, rodas de conserva, encontros, seminários, entrevistas e  pesquisas sobre e pelo direito à participação de crianças e adolescentes nos espaços de discussão e deliberação de políticas públicas relacionadas aos seus direitos. Em cada estado por onde passa, a Caravana mantém contato com os  representantes locais do Conapeti, MPT, Fóruns Estaduais, Comitês, Conselhos, organizações não governamentais, dentre outros parceiros que atuam na luta contra o trabalho infantil e demais violações de direitos nos respectivos estados. Segue, abaixo, cronograma com as datas das atividades em cada estado contemplado pela caravana:

-   8 e 9 - Rio Grande do Norte 
- 10 e 11 - Paraíba
- 12 e 13 - Pernambuco
- 15 e 16 - Alagoas 
- 17 e 18 - Sergipe 
- 19 e 20 - Bahia
- 22 e 23 - Piauí
- 24 e 25 - Maranhão
- 26 a 29 - Pará
- 1º a  8 de fevereiro - Ceará. 


Na primeira semana a caravana esteve nos estados do Rio Grande do Norte (Canguaretama e Natal), Paraíba (João Pessoa e Santa Rita) e Pernambuco (Recife). Foram realizadas 14 atividades, as quais contaram com a participação de 166 pessoas, sendo 120  crianças e adolescentes.  

Segue, abaixo, um breve registro das atividades realizadas em cada um dos referidos estados.


Rio Grande do Norte

7 de agosto


1ª atividade - oficina na  Aldeia Katu, localizado no Município de Canguaretama-RN (há 67 Km de Natal) 
Número de participantes: 15 crianças indígenas
Principais registros:  não existe discriminação entre crianças e adultos. O direito à participação é uma prática cultural na aldeia. Crianças e adolescente participam das reuniões e discussões sobre os interesses da aldeia. Também há muita participação nas atividades culturais. O Tupi, língua nativa, é ensinado nas escolas.


8 de agosto
2ª atividade - entrevistas e roda de conversa com jovens estudantes do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). 
Numero de participantes: 8 alunos do IFRN
Principais registros: os estudantes falaram de suas experiências de participação  nas ocupações do IFRN, ocorridas em maio de 2017. Destacaram que o movimento trouxe empoderamento para os jovens sobre o combate aos preconceitos.  Durante as ocupações eles tiverem aulas de cidadania. Suas principais bandeiras estão relacionados à questão racial, os direitos das mulheres e da população LGBT. No tocante ao adolescente, a luta é pelo direito à educação de qualidade. 

Paraíba

9 de janeiro


3ª atividade  – reunião e oficina com  o Conselho Consultivo de Crianças e Adolescente do CMDCA de João Pessoa
Participantes:  30 pessoas, sendo 20 
crianças e adolescentes 
Registros: durante a atividade foram os adolescentes destacaram  empoderamento adquirido após a participação no conselho. O conselho é formado por representante de entidades, e das regiões administrativas de João Pessoa, sendo asseguradas as vagas das cotas.


4ª atividade  pesquisa e entrevista na Casa de Cultura Ilé Asé d´Osoguiã, de matrizes africanas. 
Participantes: 4 crianças
Registro: as crianças entrevistadas são atendidas pela Casa de Cultura, sendo que duas delas representam seguimento junto aos Conselho Consultivo de João de Pessoa.

5ª atividade - Roda de conversa na Casa Pequeno Davi 
Participação: 22 pessoas, sendo 16 adolescentes
Registro: a Casa Pequeno Davi é uma organização não governamental que desenvolve atividades voltadas para a cultura, danças, participação, prevenção e erradicação do trabalho. Durante o evento foram compartilhadas experiência de participação dentro das comunidades e dos conselhos. Os adolescentes presentes na roda de conversa são atendidos, um parte pela Ong Casa do Pequeno Davi e a outra parte pela Ong Remar (Rede Margaridas Pró-Crianças e Adolescentes). 

10 de janeiro

6ª atividade. Roda de conversa no CMDCA de João Pessoa, com representantes da SGD
Participantes: 15 pessoas.
Registro: participaram os representantes de órgãos e entidades do SGD que integram o Conselho, além dos adolescentes que participam do referido colegiado.
Registro: foram debatidos temas relacionados aos direto de participação dos adolescentes

7ª atividade - visita a duas unidades de atendimento socioeducativo de João Pessoa, sendo de regime fechado e outra semi-aberto.
Participação: 24 adolescentes (15 meninas e 9 meninos).

8ª atividade  - Participação, como palestrantes, no Seminário sobre orientação sexual e participação, realizando na cidade de Santa Rita-PB, vizinha a João Pessoa.
Participantes: 30 adolescentes


Pernambuco

12 de janeiro 
9ª atividade: oficina com crianças atendidas pelo  Movimento Ruas e Praças – organização não governamental  que atende crianças e adolescentes em situação de rua, e moradores de comunidades com alto índice de vulnerabilidade e risco social. 
Participantes: 10 crianças e adolescentes e três adultos
Registros: as crianças compartilharam  suas experiências de participação em atividades esportivas e culturais realizadas pela  pela entidade visitada. 

10ª atividade  entrevista com a Helena Jensen – fundadora do Movimento Nacional de Meninos e Meninos - MNMMR, uma das entidades que mais atuaram para a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Registro: Helena relatou o processo de luta pela aprovação do ECA, que foi precedida de uma votação simbólica pela próprias crianças, que ocuparam os lugares dos parlamentares no Congresso Nacional.


Participantes: apenas a entrevistada

11ª atividade - entrevista com Maria Jesus (Dudui), fundadora do Movimento Ruas e Praças, que também integrou o MNMNR
Participantes: apenas a entrevistada

13 de janeiro

12ª atividade - Pesquisa no Laboratório de História das Infâncias do Nordeste. 
Registro: acesso aos documentos de criação do MNMMR

 
13ª atividade - Reunião com o Professor Humberto da Silva Miranda, professor da Universidade Federal Rural do Pernambuco, uma das entidades parceiras da caravana. 

14ª atividade - entrevista com a adolescente Mirela Santos – representantes dos adolescentes do  Candomblé junto ao Conselho  Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente - CEDCA/PE e  Escola de Conselhos de Pernambuco
Participantes: apenas a entrevistada 
Registro: "Não vão me arreá ... não vou largar minha fé”, declaração da entrevistada referindo á resistência contra o preconceito que sofrem os fiéis do Candomblé; que sua participação nos espaços de debates sobre os direitos de crianças e adolescente se empoderou e passou a representar mais o seu povo. 


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